CLARIN CIA. DE DANÇA
A Clarin Cia. de Dança, é a junção de artistas, de origens e experiências diferenciadas, como capoeira, breaking, ballet e danças brasileiras, aglutinadas ao redor da ideia de experimentação em dança e cultura popular. Um grupo que desenvolve pesquisa em torno da dança popular contemporânea desde 2013. Foi criada por Kelson Barros com o objetivo de dar continuidade à pesquisa empreendida por ele, com o Núcleo Igi Ara, ainda na graduação em dança em 2009, tendo com foco a significação do gestual apresentado pela dança dos orixás.
Após algumas alterações no elenco, o núcleo focou sua pesquisa nas manifestações populares do Brasil. Foi o momento da alteração do nome para Clarin Cia de Dança (2013), com o mesmo objetivo do tema inicial, o estudo da movimentação, partindo do contato de cada participante com determinada manifestação/dança pesquisada. As pesquisas de campo se iniciaram e as idas e vindas constantes para São Luís – MA, terra de origem do diretor, promoveram intensa troca de informação e levantamento de material de pesquisa, compartilhando a vivência e o conhecimento com os participantes da Cia.
Convidada a fazer uma circulação municipal em 2018, a Cia. estreia o espetáculo “Cebola – cascas de um todo”, um espetáculo sobre o amor, com canções da MPB e Bossa Nova. Com criação baseada nas histórias de amor de cada integrante, vem para fazer o elenco dançar, ser livre e se fazer intérprete de seu próprio momento.
Em março de 2020 estreia “ou 9 ou 80”, voltado para o universo do passinho e do funk, que conta as histórias desses dançarinos da periferia do Rio de Janeiro e de São Paulo. O fio condutor do trabalho são as 9 mortes no baile em Paraisópolis e os 80 tiros na família na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Neste trabalho o objetivo foi levar não só as músicas de funk e passinho para o teatro, no Centro da metrópole, como também os dançarinos, onde o olhar dos frequentadores de baile se identifica num ambiente diferente do habitual.
Em dezembro de 2020 - DA COR DE COBRE, uma releitura poética do auto do bumba-meu-boi. Este trabalho apresenta histórias encantadas sobre alguns dos personagens existentes nesse folguedo. O auto do bumba-meu-boi visto de um lugar mágico, através de uma brecha entre o mundo real e encantado, no qual Pai Francisco e Catirina podem transitar.
Para a Cia., a cultura popular brasileira é uma grande fonte de pesquisa estética e temática para criações contemporâneas. Sua preocupação é trazer questões relevantes à contemporaneidade, porém embasada na essência do popular, acreditando que a arte de um povo pode ser um instrumento de transformação social, uma vez que o público se reconhece a partir de uma nova ótica, e que aos artistas cabe a consciência sobre o papel que ocupam na sociedade.
Neste sentido, a Clarin Cia. De Dança acredita que a arte deve estar ao alcance de todos e que as diferentes possibilidades de criação devem ser apresentadas para gerar reflexão, aproximação e um sentimento de representatividade, numa sociedade multiétnica e multicultural como a brasileira.
Os anos de investigação, cujos trajetos incluíram pesquisas de campo em diferentes setores da cultura popular brasileira (dança dos orixás, MPB, funk, bumba-meu-boi), realização e circulação de espetáculos, burilaram a pesquisa em dança contemporânea, que hoje se consolida através do trabalho da Cia.